O importante papel da mulher no desenvolvimento rural
- Domicio Faustino Souza
- 3 de abr. de 2017
- 2 min de leitura
“O mundo em que vivemos não é mais o mesmo, pois as mulheres vêm ocupando posições transformadoras no nosso cotidiano, sobretudo mostrando o quão fundamentais são para o desenvolvimento da sociedade. As funções domésticas não são mais suas atribuições exclusivas e nem limitam o seu potencial, pelo contrário, o empoderamento da mulher trouxe perspectivas mais positivas na gestão e inovação de negócios.
Como contextualização, a questão da igualdade de gênero não se restringe ao Brasil e repercute igualmente em outros países. Tanto que mereceu destaque no alinhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODS), estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) no ano 2000. O terceiro item pontua justamente a necessidade de promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.

Na agricultura mundial o cenário não é diferente. De acordo com a edição 2011 da publicação “O Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação”, elaborada pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), as mulheres representam 43% da força de trabalho rural em países em desenvolvimento. Ainda segundo a FAO, estima-se que, ao aumentar o acesso das mulheres aos recursos financeiros e tecnologias necessárias, elas poderiam aumentar a produtividade de suas lavouras de 20 a 30%, o que reduziria o número de pessoas subnutridas em até 17%, ou seja, 150 milhões de pessoas.
Ainda segundo dados da FAO, as mulheres representam 12,7% dos proprietários de terra no Brasil, porém, tendem a receber menos por seus serviços: cerca de 30% a menos do que os homens. A diferença salarial aumenta na população mais instruída. Costumes e práticas culturais patriarcais que diminuem a importância social da mulher são os principais motivos para essa diferenciação.
Segundo uma pesquisa sobre mulheres na produção rural, encomendada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), foram identificadas 1,3 mil mulheres responsáveis pela gestão ou produção agropecuária no país, sendo que 310 participaram do levantamento das informações. Mais abertas à inovação e ao conhecimento, 88% são independentes financeiramente e 60% têm ensino superior completo, muitas vezes participando das ações de entidades de representação do setor. O levantamento revela que 14% das entrevistadas são as principais provedoras das despesas da família, entretanto, indica também que 71% já tiveram alguma experiência em que o fato de ser mulher foi uma barreira para ser ouvida ou ascender profissionalmente.
O estudo aponta, ainda, que elas compensam a falta de conhecimento técnico sobre a produção agropecuária, pois tendem a ser mais conectadas e comunicativas entre si. As mulheres pesquisadas mostraram um perfil gregário, devido à troca de experiências e informações com vizinhos e consultores, com ênfase no tema sucessão rural e inclusão da família no negócio.”
Leia este texto completo, da autoria de Marcos Matos — Diretor Geral do CECAFÉ — e Marjorie Miranda — Coord. de Projetos de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, em www.cecafe.com.br.
Texto publicado originalmente na edição 303 do Jornal Nova Notícia, em Santa Maria de Jetibá-ES.
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